domingo, 7 de novembro de 2010

Aprender com o tempo


















"Quando olhamos para trás e verificamos o que se passou, temos oportunidade salutar de apreender.
Tudo obedece, ao longo do tempo que passa, à lei de causa e efeito, de tal forma que se pode, usando da atenção, identificar as origens de tudo que hoje ocorre.
A dor resgatando o equívoco do passado.
A paz como colheita farta do bem semeado.
A prova reparadora para que o que se deixou de fazer ou foi mal feito tenha nova oportunidade de acerto.
Meus amigos, aproveitem o tempo e seus sábios ensinamentos.
A madureza e a senectude são etapas de grande fixação de aprendizados para a alma.
Vivam com mais atenção e percebam o que ocorre às suas vidas como efeito de causas do passado.
E não se esqueçam de que no hoje é lançado a semente do amanhã.
Aprendamos com o tempo e aproveitemos o tempo que ainda temos.
Paz e Bem!
Josué
Psicografado no Grupo Espírita Seara do Mestre, por Antonio Nascimento."

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Exortando o ser humano a elevar-se pela melhoria íntima e compreensão mais profunda das leis da vida superior.

“Homem que choras, escravo da dor, lembra-te que és romeiro da estrada da vida e que a felicidade da longa jornada que empreendeste consiste na purificação de teu espírito. Tu és peregrino neste mundo e nele não encontrarás abrigo. Tua existência terrestre é como um trem que, rápido, percorre um túnel, em busca do Sol que brilha do outro lado. Acredita que lágrimas idênticas às que derramas, de outros olhos já fizeste correr; os teus soluços são ecos de soluços que se extinguiram no roldão das coisas passadas. Nasces na Terra para preparar a tua entrada em um mundo melhor, onde o mal não tem guarida. Portando, homem que choras escravizado à dor, lava nas águas do teu pranto o labéu do passado que manténs na tua consciência e embebe nas tuas lágrimas a esponja da coragem, procurando apagar o estigma que te deixaram os desatinos de outrora, quando, cavaleiro da quimera, te deixaste empolgar por miragens...
Lapida o teu espírito nas arestas do sofrimento e será feliz.
Conforma-te com a companhia imponderável da dor; sê resignado e procura compreender a razão do teu sofrimento e tu terás fé, esperança e serás feliz!”
(Antonio de Aquino)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


Luiz Vaz de Camões

(1524 - 1580)

Poeta


Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

sábado, 14 de novembro de 2009

Joaquim Maria Machado de Assis


Joaquim Maria Machado de Assis
Brasil
[1839-1908]
Escritor


Poema: A Caridade

Ela tinha no rosto uma expressão tão calma
Como o sono inocente e primeiro de uma alma
Donde não se afastou ainda o olhar de Deus;
Uma serena graça, uma graça dos céus* *,
Era-lhe o casto, o brando, o delicado andar,
E nas asas da brisa iam-lhe a ondear
Sobre o gracioso colo as delicadas tranças.

Levava pela mão duas gentis crianças.

Ia caminho. A um lado ouve magoado pranto.
Parou. E na ansiedade ainda o mesmo encanto
Descia-lhe às feições. Procurou. Na calçada
À chuva, ao ar, ao sol, despida, abandonada
A infância lacrimosa, a infância desvalida,
Pedia leito e pão, amparo, amor, guarida.

E tu, ó Caridade, ó virgem do Senhor,
No amoroso seio as crianças tomaste,
E entre beijos – só teus — o pranto lhes secaste
Dando-lhes leito e pão, guarida e amor.

Machado de Assis, in 'Crisálidas'

João de Deus


João de Deus
Portugal
[1830-1896]
Poeta/Pedagogo


Poema: A Caridade

Eu podia falar todas as línguas
Dos homens e dos anjos;
Logo que não tivesse caridade,
Já não passava de um metal que tine,
De um sino vão que soa.

Podia ter o dom da profecia,
Saber o mais possível,
Ter fé capaz de transportar montanhas;
Logo que eu não tivesse caridade,
Já não valia nada!

Eu podia gastar toda afortuna
A bem dos miseráveis,
Deixar que me arrojassem vivo às chamas;
Logo que eu não tivesse caridade,
De nada me servia!

A caridade é dócil, é benévola,
Nunca foi invejosa,
Nunca procede temerariamente,
Nunca se ensoberbece!

Não é ambiciosa; não trabalha
Em seu proveito próprio; não se irrita;
Nunca suspeita mal!

Nunca folgou de ver uma injustiça;
Folga com a verdade!

Tolera tudo! Tudo crê e espera!
Em suma tudo sofre!

João de Deus, in 'Campo de Flores'

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Caridade Material e a Caridade Moral


Irmã Rosália
Paris, 1860

“Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos que nos fosse feito”. Toda a religião, toda a moral, se encerram nestes dois preceitos. Se eles fossem seguidos no mundo, todos seriam perfeitos. Não haveria ódios, nem ressentimentos. Direi mais ainda: não haveria pobreza, porque, do supérfluo da mesa de cada rico, quantos pobres seriam alimentados! E assim não mais se veriam, nos bairros sombrios em que vivi, na minha última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças necessitadas de tudo.
Ricos! Pensai um pouco em tudo isso. Ajudai o mais possível aos infelizes; daí, para que Deus vos retribua um dia o bem que houverdes feito: para encontrardes, ao sair de vosso invólucro terrestre, um cortejo de Espíritos reconhecidos, que vos receberão no limitar de um mundo mais feliz.
Se pudésseis saber a alegria que provei, ao encontrar no além aqueles a quem beneficiei, na minha última vida terrena!
Amai, pois, ao vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora, que o desgraçado que repelis talvez seja um irmão, um pai, um amigo que afastais para longe. E então, qual não será o vosso desespero, ao reconhecê-lo depois no Mundo dos Espíritos!
Quero que compreendais bem o que deve ser a caridade moral, que todos podem praticar, que materialmente nada custa, e que não obstante é a mais difícil de se por em prática.
A caridade moral consiste em vos suportardes uns aos outros, o que menos fazeis nesse mundo inferior, em que estais momentaneamente encarnados. Há um grande mérito, acreditai, em saber calar para que outro mais tolo possa falar: isso é também uma forma de caridade. Saber fazer-se de surdo, quando uma palavra irônica escapa de uma boca habituada a caçoar; não ver o sorriso desdenhoso com que vos recebem pessoas que, muitas vezes erradamente, se julgam superiores a vós, quando na vida espírita, a única verdadeira, está às vezes muito abaixo: eis um merecimento que não é de humildade, mas de caridade, pois não se incomodar com as faltas alheias é caridade moral.
Essa caridade, entretanto, não deve impedir que se pratique a outra. Pelo contrário: pensai, sobretudo, que não deveis desprezar o vosso semelhante; lembrai-vos de tudo o que vos tenho dito; é necessário lembrar, incessantemente, que o pobre repelido talvez seja um Espírito que vos foi caro, e que momentaneamente se encontra numa posição inferior à vossa. Reencontrei um dos pobres do vosso mundo a quem pude, por felicidade, beneficiar algumas vezes, e ao qual tenho agora de pedir, por minha vez.
Recordai-vos de que Jesus disse que somos todos irmãos, e pensai sempre nisso, antes de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus! Pensai naqueles que sofrem, e orai.