“Homem que choras, escravo da dor, lembra-te que és romeiro da estrada da vida e que a felicidade da longa jornada que empreendeste consiste na purificação de teu espírito. Tu és peregrino neste mundo e nele não encontrarás abrigo. Tua existência terrestre é como um trem que, rápido, percorre um túnel, em busca do Sol que brilha do outro lado. Acredita que lágrimas idênticas às que derramas, de outros olhos já fizeste correr; os teus soluços são ecos de soluços que se extinguiram no roldão das coisas passadas. Nasces na Terra para preparar a tua entrada em um mundo melhor, onde o mal não tem guarida. Portando, homem que choras escravizado à dor, lava nas águas do teu pranto o labéu do passado que manténs na tua consciência e embebe nas tuas lágrimas a esponja da coragem, procurando apagar o estigma que te deixaram os desatinos de outrora, quando, cavaleiro da quimera, te deixaste empolgar por miragens...
Lapida o teu espírito nas arestas do sofrimento e será feliz.
Conforma-te com a companhia imponderável da dor; sê resignado e procura compreender a razão do teu sofrimento e tu terás fé, esperança e serás feliz!”
(Antonio de Aquino)
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
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Luiz Vaz de Camões
(1524 - 1580)
Poeta
Amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
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